Reitoria ocupada: estudantes reivindicam demandas antigas da residência universitária

"No sábado de madrugada que a gente... umas 3 e pouco, eu até acordei com o calor e com as muriçocas né, porque o quarto lá é pequeno e quando você fecha porta e janela fica muito abafado e eu acordei suado com muriçoca e tudo, e não consegui mais dormir". Este é o relato de um residente sobre o apagão na UFPB que durou quase 72 horas no último final de semana. O acontecimento foi o estopim para os estudantes decidissem ocupar o prédio da reitoria nesta segunda-feira.

O problema elétrico é só a ponta do iceberg das inúmeras dificuldades enfrentadas pelos moradores da residência universitária, assim como de muitos estudantes contemplados por auxílios estudantis na UFPB. Em fevereiro do ano passado, 4 estudantes fizeram greve de fome pela transparência no processo e pela ampliação na contemplação do auxílio moradia. Somente depois de 10 dias de mobilizações, a reitoria assinou um termo de ajustamento de conduta com demandas de curto, médio e longo prazo. Hoje muitas dessas demandas não foram cumpridas, o que impulsiona ainda mais as atuais movimentações.

Segundo os moradores da residência, problemas como o conserto de uma caixa de descarga, por exemplo, demoram meses para que sejam atendidos e, muitas vezes, não são solucionados. É recorrente a falta de energia e de água, o café da manhã servido possui qualidade duvidosa e o acesso a internet é limitado a apenas um bloco. Algumas solicitações para melhoria ou reparo desses problemas existem desde 2014, mas sempre recebem respostas vagas, como a indisponibilidade de recursos, quando não jogam o problema de setor para setor.

Na quarta-feira, a reitora aceitou conversar com 4 estudantes, apesar de ter feito nenhuma visita ao local da ocupação. A reitora respondeu que não poderia atender de imediado as demandas e também não quis indicar previsão de cumprimento. Na quinta-feira foi entregue um mandado de reintegração de posse imediata do prédio da reitoria, mesmo assim os estudantes decidiram em assembleia continuar com a ocupação, como ato de resistência na luta pelas reivindicações que são de longa data.

O movimento de ocupação segue sem lideranças e já foi lançada uma pauta com mais de 25 demandas urgentes ou de longo prazo. Ressalta-se também que a ocupação não é um ato contrário a reitora, mas um ato de luta por condições básicas para a permanência na universidade. A universidade que tem que oferecer meios para que a educação aconteça de forma plena, onde estudantes e comunidade civil possam desfrutar de seus espaços de esporte, saúde e lazer, possibilitando o desenvolvimento da completude humana.

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