Coluna Cinefilía: Resenha Crítica – “Sal da Terra”

Ficha técnica
Título: Sal da Terra

Direção: Wim Wenders e Juliano Ribeiro
Roteiro: Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado e David Rosier
Elenco: Sebastião Salgado
Produção: David Rosier
Fotografia: Hugo Barbier e Juliano Ribeiro Salgado
Edição: Maxine Goedicke, Rob Myers
Gênero: Biografia, Documentário
País: Brasil, França, Itália
Ano: 2014

Dirigido por Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado (filho mais velho de Sebastião Salgado) e indicado ao Oscar de 2015, o documentário “Sal da Terra” (The Salt of the Earth) conta, de forma sutil e encantadora, a trajetória e experiências marcantes do fotojornalista Sebastião Salgado por todo o mundo.

Ainda jovem, decide sair da fazenda de seu pai na pequena cidade de Aimorés, no interior de Minas Gerais, e após se casar, acaba se envolvendo com movimentos de esquerda contra a ditadura militar, vivida no Brasil daqueles dias. Por esse motivo, decide, junto com sua esposa, emigrar para Paris no ano de 1969, onde começa a trabalhar como secretário da Organização Internacional do Café.  Logo em suas primeiras viagens, começa a fotografar as condições de sobrevivência desumanas em que vivem muitos povos do continente Africano, e a partir daí, em 1973, se apaixona pela fotografia de forma que abandona seu antigo emprego para se dedicar somente à arte de capturar e registrar momentos que se tornariam eternos.

Durante o documentário, são apresentadas capturas de viagens do fotógrafo por todas as partes do mundo, passando pela Indonésia, Brasil, Rússia, Sibéria, Ilha Galápagos, Peru, e outros países, enquanto relatos do próprio Sebastião e de seu filho, sua esposa, e do diretor Win Wenders, dão ao longa uma atmosfera única de leveza (pela forma que é conduzido o trabalho) e reflexão, enquanto apresenta cenas de conflitos, miséria e fome tão fortes como as registradas pelo fotojornalista.

O documentário retrata perfeitamente o impacto causado no fotógrafo pelas barbáries que vivenciou, e como resultado delas, Sebastião Salgado, segundo ele próprio, se torna um homem doente em sua alma, totalmente descrente na humanidade, e isso o leva a desistir da fotografia por alguns anos.

Abalado e sem forças para continuar seu trabalho, Sebastião é surpreendido com a ideia de sua esposa Léia, de replantar a floresta tropical que havia nos arredores da fazenda em que ele cresceu, e isso o faz renascer das cinzas e voltar à vida para compartilhar com o mundo um outro lado do planeta, o lado da terra.  Com o avanço do trabalho, o fotojornalista se apaixona cada vez mais pelas belas cenas da natureza que começa a capturar, e viaja novamente pelo mundo por quase uma década, registrando belíssimas imagens de animais, paisagens e modo de vida de povos que mantém hábitos da antiguidade, como uma tribo de índios da Amazônia, que não tem praticamente nenhum contato com a civilização. Essa viagem dá origem ao último trabalho de Sebastião Salgado, denominado por ele de “Gênesis”, justamente por mostrar o mundo como era em seu início.

O longa “Sal da Terra” consagra-se como indispensável para os amantes não só da fotografia, como da história, das causas sociais, e da natureza, e é realmente inspirador no que diz respeito à reflexão do panorama da vida e da morte no planeta em que vivemos. É uma obra-prima que cumpre seu papel de reflexão social na medida em que mostra a miséria e morte causada pelo homem aos seus semelhantes, e ao mesmo tempo, a beleza e a vida presentes na natureza intocada.

Autor: Jadson Falcão - Graduando em Jornalismo pela UFPB e viciado em séries, filmes e músicas de todos os gêneros.

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